Retratamentos ortodônticos. Por que tão frequentes atualmente?

Recentemente temos observado um número muito grande pacientes insatisfeitos com o resultado do tratamento ortodôntico e procurando por um novo tratamento. Acredita-se que o nível elevado de retratamentos ortodônticos esteja vinculado ao número excessivo de cursos de pós-graduação com baixo nível de formação e mínima exigência e, como consequência um alto número de profissionais despreparados atuando numa área considerada extremamente complexa que é a Ortodontia.  As causas da insatisfação são variadas e podem ser divididas em funcionais e estéticas. Os problemas funcionais ocorrem normalmente quando o paciente apresenta alguma dificuldade proveniente da oclusão inadequada atingida com o primeiro tratamento, podendo ser essa dificuldade na mastigação, fonação, deglutição ou outra atividade bucal. As queixas estéticas ocorrem normalmente por falta de alinhamento dos dentes, excesso de projeção de dentes superiores e inferiores dificultando o secamente labial, desalinhamento das linhas médias entre outros.

Normalmente a reintervenção ortodôntica é um procedimento mais complexo devido ao desgaste psicológico apresentado pelo paciente que já se submeteu a um longo tratamento sem sucesso, devido ao comprometimento biológico representado por reabsorções radiculares ou perda de suporte periodontal (retrações gengivais), muitas vezes pela necessidade de correção de erros provenientes do primeiro tratamento somados aos problemas oclusais originais do paciente e ainda pelo desgaste financeiro do paciente que precisará fazer um novo investimento no retratamento.

Figura 1

Nesse contexto é apresentado nas imagens o caso de uma paciente de 18 anos que procurou retratamento ortodôntico após 5 anos de um tratamento mal sucedido. A paciente já apresentava encurtamento radicular generalizado ao início do primeiro tratamento com 13 anos e esse quadro foi agravado com maior reabsorção radicular durante os 5 anos de tratamento. Além disso, a paciente apresentava retrações gengivais em alguns dentes, também provocadas durante o primeiro tratamento (Figura 1).

 

O planejamento ortodôntico para o retratamento objetivava o menor tempo de tratamento possível e a incerteza da obtenção de um resultado oclusal estético e funcional de 100%, devido ao comprometimento biológico apresentado. Foi utilizada mecânica com fios de aço e sem elásticos intermaxilares para redução de reabsorções radiculares e felizmente, devido a ótima resposta biológica da paciente durante o tratamento, foram obtidos resultados estéticos e funcionais satisfatórios (Figura 2).

Para que os pacientes evitem um tratamento ortodôntico mal sucedido, recomenda-se a procura por profissional qualificado, especialista registrado no CFO e formado por curso sob a chancela da ABOR, ou seja, com carga horária adequada a formação de qualidade.

Figura 2

Referências

Farret MM, Farret MMB. Retreatment of a Class II Patient with Short-Root Anomaly. J Clin Orthod. 2015;49(10):659-65.

Weiland F. Constant versus dissipating forces in orthodontics: the effect on initial tooth movement and root resorption. Eur J Orthod. 2003;25:335-42.

Owman-Moll P, Kurol J, Lundgren D. Effects of a doubled orthodon- tic force magnitude on tooth movement and root resorptions. An inter-individual study in adolescents. Eur J Orthod 1996;18:141-50.