Tratamento endodôntico em dentes decíduos?

Quais os motivos que levam ao tratamento endodôntico em dentes decíduos?

Apesar do declínio da doença cárie nos últimos anos e a opção por tratamentos restauradores mais conservadores, ainda existe uma grande parcela da população pediátrica que ainda é acometida por lesões de cárie que não são tratadas e evoluem para processos inflamatórios que acometem a polpa dentária.

Ainda, não somente as lesões de cárie, mas também os traumatismos em dentes decíduos, especialmente em dentes superiores, levam muitas vezes a necessidade de tratamento endodôntico, o temido “tratamento de canal” nas crianças.

De acordo com os últimos dados publicados em estudos recentes, aproximadamente 48% das crianças com idade até 5 anos possuem cárie não tratada, onde mais da metade
da amostra analisada apresentou ao menos um dente decíduo com experiência de cárie. O
índice de cárie na dentição decídua ceo-d (dentes decíduos cariados, extraídos ou obturados) médio na população brasileiro no ano de 2010  foi 2,41, segundo dados do Projeto Pesquisa Nacional de Saúde Bucal – SBBrasil 2010, ou seja cada criança apresentava em média 2 dentes com lesão de cárie não tratada na boca.

Uma vez que a criança tenha lesão de cárie ativa e essa não for tratada adequadamente visando a paralisação da progressão dessa lesão, ela irá progredir de tal forma que a criança começa a ter relatos frequentes de dor, não só ao comer ou ingerir líquidos, e muitas vezes associada com o aparecimento de uma fístula e nos casos mais graves, abscessos faciais.

Já nos casos de traumatismos em dentes decíduos, o tratamento endodôntico pode ser necessário quando ocorre fratura do elemento dentário acompanhado de exposição da polpa dentária, onde o tratamento deve ser realizado imediatamente, ou pela resposta inflamatória da polpa dentária que pode ocorrer como uma consequência do traumatismo dentário a longo prazo.

Qual a importância deste tratamento para a saúde das crianças?

Nos dois casos acima citados, pode se ter a necessidade de tratamento endodôntico dos dentes decíduos. Mas por serem “dentes de leite”, a dúvida é sempre grande, eles precisam te tratamento de canal? A resposta é SIM! Não se há dúvidas da necessidade e principalmente da importância do tratamento destes dentes. O não tratamento pode acarretar em problemas como dor, fístulas, abcessos e em muitos casos levar a extração do elemento dentário.

A perda precoce dos dentes decíduos pode causar ainda problemas como: disfunções respiratórias / fonéticas, hipotonia do músculo perioral, atraso e má oclusão da dentição permanente, além dos impactos significativos na qualidade de vida das crianças.

A manutenção dos dentes decíduos até o período de esfoliação é um dos principais objetivos da Odontopediatria, uma vez que tem papel fundamental na estética, fonética, função e na orientação de dentes sucessores permanentes. Manter os dentes sempre que possível, atendendo aos requisitos necessários para indicação do tratamento, sempre será a primeira e a melhor escolha para que eles possam desempenhar suas funções com saúde na cavidade bucal das crianças.

Quais as particularidades do tratamento endodôntico no dente decíduo?

Diferente dos dentes permanentes, os dentes decíduos tem um período de vida mais curto na cavidade bucal, o que faz com que o tratamento endodôntico tenha algumas particularidades. A primeira delas, é em relação ao manejo de crianças muitos pequenas que precisam ser submetidas a esse tratamento, o pré requisito para o profissional é ter muita paciência e criatividade para conduzir da forma mais confortável esse momento delicado na vida da criança.

Outro fator que deve ser levado em consideração, é a proximidade das raízes dos dentes decíduos com o germe do dente permanente em desenvolvimento, dessa forma o profissional deve estar atento a essa importante particularidade para correta indicação do tratamento e para que não ocorram lesões ao germe do dente permanente em formação.

O material usado para obturar estes dentes é específico e também devem obedecer a alguns pré-requisitos, como por exemplo acompanhar a reabsorção das raízes destes dentes. As medicações orais usadas para controle de dor e infecção também devem ser usadas com cautela e responsabilidade por parte do Cirurgião Dentista, principalmente o uso de antinflamatórios e antibióticos.

Sabendo das inúmeras funções dos dentes decíduos e da importância deles no processo de desenvolvimento da criança, a prevenção sempre é a melhor alternativa, mas quando necessário, o tratamento endodôntico é uma escolha para manter esses dentes com saúde até o período de troca. O Cirurgião Dentista – Odontopediatra é o profissional que está preparado e melhor capacitado para este procedimento.